Controlando a ansiedade | Como não deixar que ela domine

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Sentir ansiedade faz parte da vida. Podemos considerar que a ansiedade é um estado emocional da “família” do medo. Para algumas pessoas envolve uma experiência subjetiva bastante aversiva, avassaladora e pode interferir, significativamente, em suas vidas. Entretanto, esses estados emocionais podem ser benéficos para ajudar as pessoas a se prepararem e lidarem com situações difíceis ou desafiadoras. Então, como primeiro passo, é necessário reconhecer e aprender a lidar com isso.

A ansiedade pode se manifestar de maneira física e psicológica e pode ter efeitos prejudiciais no corpo, o que discutiremos nesta breve matéria.

Em um nível psicológico, a ansiedade pode causar uma série de sentimentos angustiantes, como: (1) preocupação; (2) insegurança; (3) pânico: e (4) pavor. Essas emoções podem interferir na capacidade de uma pessoa pensar com clareza, tomar decisões e agir com eficácia.

Sentimento é o nome que damos à resposta emocional referente à experiência subjetiva com a emoção. É como nós nos referimos, descrevemos e damos sentido às emoções, que é um fenômeno muito mais amplo e multidimensional.

Também pode levar a alterações de humor, dificuldade de concentração e irritabilidade. A ansiedade pode fazer com que uma pessoa fique sobrecarregada e incapaz de lidar com as tarefas diárias.  Além disso, pode prejudicar o funcionamento social de uma pessoa, levando a comportamentos de isolamento e, em casos extremos, ideação suicida.

Em nível fisiológico, a ansiedade excessiva pode ter um efeito ainda mais profundo no corpo. A sua bioquímica envolve substâncias muito potentes, como a adrenalina, por exemplo, e os seus efeitos fisiológicos são apropriados para gerar um estado de alerta e preparar o corpo humano para ações intensas.

Por isso, nessa condição, uma pessoa pode experimentar aumento da frequência cardíaca, aperto no peito e falta de ar. Também pode levar a alterações na pressão arterial, problemas digestivos e aumento da tensão muscular. Esses sintomas físicos podem ser extremamente desconfortáveis e, com o seu prolongamento, afetam a saúde geral de uma pessoa.

 

Ansiedade é um tipo de medo?

A relação entre medo e ansiedade pode ser complexa e difícil de entender. São duas emoções distintas, mas compartilham alguns pontos em comum e muitas vezes podem ser vivenciadas juntas. Paul Ekman (2018) explica que o medo é uma emoção relacionada à percepção de uma ameaça específica, presente e conhecida; ansiedade é um estado emocional geral de nervosismo ou mal-estar sobre um futuro incerto.

O medo é uma emoção frequentemente desencadeada em resposta a um perigo ou ameaça específica que pode ser vista, ouvida ou sentida. Sua principal função é nos preparar para a ação e, geralmente, dura pouco e se dissipa quando a ameaça percebida desaparece.

A ansiedade, por outro lado, é um estado psicológico e fisiológico de mal-estar, angústia e pavor que muitas vezes resulta de incerteza. Pode ser causada por uma série de fatores, incluindo situações e eventos completamente imaginários e que ainda não ocorreram. É, portanto, uma emoção mais difusa e menos específica do que o medo. Geralmente pode durar dias, semanas e até meses.

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Termos que descrevem sentimentos de medo em suas diversas intensidades. Paul Ekman – Atlas das Emoções.

 

Como reconhecer a ansiedade?

A ansiedade é multiforme. Seus tipos mais frequentes incluem o transtorno de ansiedade generalizada, o transtorno do pânico, o transtorno de ansiedade social e fobias específicas. Se alguém está experimentando sintomas de ansiedade, pode sentir um nível excessivo de medo, preocupação ou apreensão sobre uma determinada situação. Outros sintomas podem incluir dificuldade para dormir, falta de ar, aumento da frequência cardíaca, dificuldade de concentração, tensão muscular, inquietação e muito mais.

Reconhecer a ansiedade em si mesmo ou nos outros é o primeiro passo para obter ajuda. Aprender sobre os seus diferentes tipos e sobre os sinais e sintomas pode ajudar a identificá-la desde o início. Com a ajuda de um profissional de saúde mental, é possível desenvolver um plano para controlar a ansiedade e levar uma vida saudável e produtiva.

 

O aumento dos ambientes ansiogênicos

Atualmente, estamos expostos a uma quantidade enorme de situações ansiogênicas. Algumas delas são intencionais, uma vez que a a pessoa ansiosa tende a decidir mais rápido e por impulso. Então, vamos encontrar muitas ocasiões nas quais vendedores nos conduzem a cenários ansiogênicos para conseguir a venda.

Muitos golpes também envolvem a indução de estados ansiogênicos. Certos valores como o narcisimo, a ganância e a raiva podem ser usados para gerar a ansiedade e tornar a pessoa mais apta para decidir, não raras vezes, a seu desfavor…..

Muitas estratégias utilizadas nas redes sociais também se valem da indução da ansiedade. Então, para esses casos, a pessoa precisa diminuir a sua exposição a esses ambientes.

Esse fenômeno é conhecido como aceleração social. Sobre isso veja:

Emoções e o uso das redes sociais

Sofrimento mental, emoções e a vida: a necessidade de uma abordagem integral

Medo na Pandemia | 10 estratégias para enfrentar

 

Como lidar com a ansiedade?

Não existe uma abordagem única para lidar com a ansiedade. Mas existem alguns passos que você pode seguir:

  • Identificar a ansiedade;
  • Desenvolver hábitos saudáveis para reduzir o estresse;
  • Identificar e resolver algum problema específico e ansiogênico [dívidas, assédio etc]
  • Procurar um psicólogo;
  • Procurar um médico.

Esses itens estão em uma ordem que entendo ser mais produtiva. O primeiro passo é reconhecer os indicadores da ansiedade e logo iniciar uma alteração de hábitos como alimentar-se melhor, fazer exercícios físicos com regularidade e incluir atividade agradáveis em sua rotina diária. Não é preciso procurar qualquer profissional para tomar essas decisões. Isso deveria ser rotineiro para qualquer pessoa. Conseguir decidir e realizar alterações em sua vida fortalece a sua autonomia.

Outra providência importante é identificar se a ansiedade, os pensamentos recorrentes e a ideação de medo futuro e antecipação desastrosa se refere a um determinado tema ou é difusa. Por exemplo, a ansiedade tem relação com superendividamento e com a incerteza de conseguir pagar?

Nesse caso, não há melhor solução do que enfrentar o problema, procurando ajuda especializada para resolver o problema de superendividamento, como um especialista na Lei nº 14.871, de 2021, pois não haverá medicamento, nem psicoterapia capaz de solucionar as suas dívidas.

É necessário destacar que existem situações intrinsecamente ansiogênicas, como os relacionamentos abusivos, trabalhos exploratórios e empregos que envolvam grande incerteza, como o mercado financeiro, por exemplo.

Não há como ficar menos ansioso sem alterar a sua exposição a essas situações. Relacionamentos abusivos, por exemplo, precisam ser encerrados.

Reconhecer que está ansioso, mudar certos hábitos e tentar resolver problemas específicos são as primeiras estratégias acertadas para lidar com a ansiedade e valorizar a sua autonomia. Se ainda assim você estiver sentindo ansiedade significativa, a psicologia e a medicina são o caminho a seguir.

É uma posição pessoal que defendo, mas vale o conselho de consultar o psicólogo antes de optar por algum tratamento medicamentoso. Tomar um medicamento vai alterar a sua neuroquímica, mas não vai resolver os seus problemas. Lembre disso!

 

5 dicas para ajudá-lo a reconhecer e controlar sua ansiedade

  • Identifique o que dá início à ansiedade. Observe o que ocorre em seu corpo. O que ocorreu quando você começou a sentir as palpitações, ou falta de ar, ou dor em algum lugar? Foi algo no ambiente ou foi um pensamento? Que coisas iniciam a ansiedade? Você fica mais ansioso em certas situações, como durante uma prova ou reunião?  Essa identificação é fundamental para elaborar uma estratégia de enfrentamento.
  • Examine seus pensamentos. O que você está pensando e sentindo quando percebe a ansiedade? Você está ruminando sobre a ansiedade ou focando nos aspectos negativos da situação? É a sua percepção? É a imaginação do “pior” cenário?
  • Dê um passo para trás. O que há de objetivo em sua antecipação? Seus receios e insegurança são baseados em fatos? Uma vez identificado algum elemento objetivo [uma dívida, por exemplo], há como resolver? Uma vez resolvido o problema, é esperado que a ansiedade diminua até desaparecer.
  • Utilize técnicas de relaxamento e acalme-se antes de criar estratégias de enfrentamento dos problemas ansiogênicos;
  • Afaste-se de ambientes reconhecidamente ansiogênicos, como certas redes sociais. Sobre isso, veja como o comportamento das redes pode te acelerar.
Fortalecer a sua autoconfiança e a sua autonomia são providências fundamentais em cenários ansiogênicos.

Um dos aspectos mais importantes e que está na raiz de muitos processos ansiogênicos é a nossa percepção negativa acerca dos possíveis cenários futuros. A imaginação e a antecipação frequente de possíveis prejuízos são ansiogênicos no presente. Então, identifique se a sua percepção não está na base da ansiedade que você sente.

Esse tipo de comportamento já é mais complexo e contar com o devido acompanhamento psicológico facilitará as realização das alterações que precisam ser feitas. Muitas vezes não basta apenas “pensar positivo“!

 

Palavras finais sobre a ansiedade

Como anteriormente dito, a relação entre medo e ansiedade pode ser complexa, e é importante entender as diferenças entre as duas emoções para gerenciá-las com eficácia. Tanto o medo quanto a ansiedade podem ser respostas normais e saudáveis a certas situações e eventos, mas, se não forem controlados, podem levar a problemas debilitantes, como ataques de pânico, fobias e depressão. Compreender as diferenças entre medo e ansiedade é o primeiro passo para poder gerenciá-los com eficácia.

Se você ou alguém que você conhece está lutando com esse problema, é importante procurar ajuda. Conversar com um profissional de saúde mental pode ajudar a identificar o tipo e a gravidade da ansiedade e desenvolver um plano para gerenciá-la. Existem também muitos recursos online disponíveis que podem fornecer suporte, como terapia cognitivo-comportamental, meditação e outras formas de terapia.

Reconhecer a ansiedade é o primeiro passo. Aprender sobre os seus diferentes tipos e os sinais e sintomas pode ajudar a identificá-la desde o início. Com a ajuda de um profissional de saúde mental, é possível desenvolver um plano para melhorar a autoestima e a sua autonomia para levar uma vida saudável e produtiva.

Boa leitura

Sergio Senna

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Referências

American Psychiatric Association. (2014). DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed Editora.

Ekman, P. (2018). Atlas of Emotion.

Pires, Sergio Fernandes Senna. (2022). Sofrimento mental, emoções e a vida: a necessidade de uma abordagem integralInstituto Brasileiro de Linguagem Emocional.

Pires, Sergio Fernandes Senna. (2023). Medo na Pandemia | 10 estratégias para enfrentar. Instituto Brasileiro de Linguagem Emocional.

Pires, Sergio Fernandes Senna. (2021). Emoções e o uso das redes sociaisInstituto Brasileiro de Linguagem Emocional.

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