A psicologia das Fake News: a mentira é eficaz?

Divulgue e opinie

Para entender a psicologia das Fake News precisamos tratar de alguns aspectos sobre a persuasão e a mentira. Interessa, também, o debate sobre o grau de liberdade que temos como pessoas para analisarmos e realizarmos as nossas escolhas. Faremos comentários sobre isso sem levar ao campo filosófico que, não raras vezes, mai nos confunde do que nos ilumina….

O que são Fake News?  Uma definição que podemos compor a partir das publicações referenciadas é [mfn]Di Domenico, G., Sit, J., Ishizaka, A., & Nunan, D. (2021). Fake news, social media and marketing: A systematic review. Journal of Business Research, 124, 329-341.[/mfn] [mfn]Lewandowsky, S., & Van Der Linden, S. (2021). Countering misinformation and fake news through inoculation and prebunking. European Review of Social Psychology, 32(2), 348-384.[/mfn]:

Notícias difundidas [não só na Internet], que esteticamente assemelham-se às matérias legítimas, mas que, na verdade, são fabricadas com propósito definido ou que possuem conteúdo extremamente impreciso.

A mera fabricação de notícias não parece ser uma estratégia muito eficaz. Entretanto, se considerarmos alguns cenários mais complexos, nos quais a intenção é manter o anonimato, confundir ou desamimar as pessoas a procurarem fontes de informação, em um contexto pre-determinado de uma certa dinâmica sociocultural, a desinformação pode atingir os seus objetivos de forma soberba.

Vejamos um exemplo de Fake News relativa à pandemia de COVID-19[mfn]Governo do Ceará. Fake News: Sistema imunológico em pleno funcionamento é importante, mas não evita Covid-19. Disponível em https://www.ceara.gov.br/2020/05/05/fake-news-sistema-imunologico-em-pleno-funcionamento-e-importante-mas-nao-evita-covid-19-c/ Acesso em 20 mar 22.[/mfn]:

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Qual é a psicologia das Fake News? Quais são alguns indicadores interessantes e que podem influir na percepção do leitor?

(1) As cores verde e amarela, normalmente utilizadas em notícias verídicas e veiculadas por órgãos dos governos [principalmente o federal]. As cores são utilizadas na comunicação não verbal para indicar afiliação, como nas bandeiras nacionais, times de futebol ou movimentos revolucionários. esse é o principal efeito psicológico almejado com essa estratégia;

(2) Uma rápida leitura, sem precisar ser químico, dá para identificar frutas ácidas como limão, abacaxi e laranja, que não podem ser alcalinas…. Então se precisamos consumir alimentos com PH básicos [premissa da notícia], não são esses alimentos os que vão resolver o problema;

FAKE NEWS: Notícias difundidas [não só na Internet], que esteticamente assemelham-se às matérias legítimas, mas que, na verdade, são fabricadas com propósito definido ou que possuem conteúdo extremamente impreciso.

(3) Para mim, a frase “O COVID-19 é imune a organismos com PH maior que 5.5” não tem sentido…. O COVID-19 [deve ser o virus, não é?] é imune? Eu pensei que imunidade fosse uma características de seres vivos, coisa que nenhum virus é…. É o nosso sistema imunológico que enfrenta os virus, não o contrário;

(4) Existe um comando para passar a informação para toda família, apelando a não ser egoísta e ajudar a disseminar. É uma parte frequente nas Fake News.

Então, nesse exemplo, o autor foi descuidado e não articulou muito bem nem a Língua Portuguesa, nem as informações que poderiam embasar o seu argumento quando incluiu frutas ácidas e as recomendou como básicas. Esses descuidos ajudam a revelar, rapidamente, a natureza fraudulenta da notícia. Entretanto nem todas as notícias falsas são fáceis assim de identificar, como explicarei adiante aprofundando a psicologia das fake news.

 

Sob o ponto de vista da psicologia das fake news, quando a mentira é eficaz?

A mentira se torna eficaz quando não exagera, consegue ser sutil, e vem embrulhada em verdades.

Há um tempo escrevi um artigo intitulado “Não existe um único e definitivo sinal da mentira“. Eis uma aplicação do que lá expliquei, aplicado à identificação de fake news:

Quando o assunto é a mentira, é muito importante ressaltar que NÃO EXISTE um definitivo e único sinal da mentira, pois não há um “nariz de Pinóquio” que cresce quando alguém mente e nem quando escreve uma notícia falsa…..

DESINFORMÇÃO: informação que é falsa ou imprecisa, e que foi criada com a intenção deliberada de enganar pessoas. na Língua Portuguesa também usamos a mesma palavra para a tradução de “misinformation” que, no Inglês, tem a conotação de não ser um erro intencional na informação, diferenciando-se de “disinformation

Não espere encontrar facilidades nas Fake News mais perigosas. Aquelas que criam rumores sobre feriado bancário, sobre os efeitos de remédios ou sobre a vida pessoal de figuras públicas.

Perceber a mentira, principalmente aquelas que podem te causar muito dano, é um processo interpretativo que fica mais preciso conforme você se apoia numa quantidade maior de indicadores. O nosso exemplo acima sobre a COVID-19 foi analisado por diversos institutos, o que renderam páginas e páginas de análises e explicações. Para efeitos práticos, nada disso era realmente necessário. Uma das páginas de verificação de fake news chegou a entrevistar um químico e um especialista em frutas….  Providência totalmente desnecessária nesse caso.

Para efeitos práticos no dia a dia, no caso específico da notícia utilizada no exemplo, bastaria observar o uso da Língua Portuguesa e a questão das frutas ácidas, juntamente com o pedido de disseminação da informação falsa, para descartarmos rapidamente essa postagem e não passa-la para frente. Então não perca tempo com cada detalhe de uma Fake News! Viu que pode ser falso, descarte!

Essas providências exageradas invertem o ônus da prova sobre a verdade. Coisas que todo mundo sabe, como por exemplo o fato do limão ser uma fruta ácida, passam a ter que ser provadas…. Esse é um efeito secundário da extensa dispersão de fake news: tudo então precisa ser provado com precisão científica…..

Entretanto, não desejo passar a impressão de que essas análises são fáceis. Se alguém diz que pegar cada mentira é fácil, é porque não entende muito sobre a mentira e sobre os mentirosos eficazes.

De certa forma, todos nós somos “especialistas” em mentira, pois lidamos com ela todos os dias. Não importa se somos vítimas, protagonistas ou suas testemunhas, desde cedo percebemos o potencial destrutivo que a mentira pode ter. Nesse contexto, procuramos observar os padrões de comportamento das pessoas [inclusive na escrita] e, quando notamos certas alterações, intuitivamente levantamos a hipótese de que a pessoa está mentindo.

Como isso ocorre? Pela mera observação de mudanças no comportamento de nossos interlocutores e pela decorrente associação com as situações em que nos contaram mentiras. Todo ser humano é capaz de fazer isso.

Entretanto, há fatores que podem potencializar a receptividade às Fake News. Vejamos alguns.

 

Efeitos psicológicos quanto ao uso de Fake News e da mentira

O primeiro deles que eu quero destacar é o exercício da pilantragem. O pilantra é alguém que vai se dar bem [em alguma dimensão] com uma notícia falsa. Se esse cenário for viável, certamente essa pessoa vai usar as mensagens falsas e outras estratégias para levar vantagem. Isso é muito comum em golpes contra o sistema financeiro, no qual uma única notícia arrasadora pode mudar a cinética de compras e vendas de ativos pelo tempo suficiente para gerar fortunas. Muitos perdem, mas sempre tem alguém que ganha. Sob o ponto de vista de quem elabora as notícias falsas sempre haverá um ganho, nem que seja a sensação de criar embaraço para o alvo da notícia falsa [ganhos sob o ponto de vista emocional].

A partir da ótica de quem recebe as notícias, pode ocorrer o seguinte:

(1) aumento do ceticismo em relação a qualquer informação. É o que ocorre comigo, por exemplo;

A paranoia é caracterizada por um padrão invasivo de desconfiança e suspeitas generalizadas em relação aos outros, interpretando as intenções dos outros como malévolas.

O sujeito acometido desse transtorno, frequentemente, apresenta um quadro de ansiedade, o que facilita a influência dos manipuladores no que diz respeito a utiliza-lo como difusor das notícias falsas.

(2) aumento da tendência de afiliação a algum movimento, grupo ou ideologia. É por esse motivo que as Fake News mais eficazes são segmentadas e direcionadas a públicos específicos. Por exemplo para pessoas que, sabidamente, possuem alguma simpatia por movimentos, ou  que desenvolveram algum grau de paranoia. Essas pessoas ficarão mais suscetíveis a adotarem um ponto de vista defendido por alguma teoria da conspiração, ainda que nos pareça absurda.

(3) cansaço, afastamento e descrédito  do cenário alvo da notícia, quando o propósito do manipulador for diminuir a quantidade de pessoas interessadas em determinado debate, simultaneamente à mobilização de outros. Observe que as Fake News podem causar efeito contrário, dependendo do grupo de pessoas analisado.

(4) aumento do trabalho em esclarecer mentiras, empregando tempo que seria utilizado para tarefas mais construtivas. Todos somos testemunhas do intenso debate sobre assuntos óbvios: a necessidade de vacinas, da ineficácia científica de remédios e da troca de ofensas entre autoridades brasileiras. Pura perda de tempo, o qual não foi empregado para tratar de grandes problemas nacionais. Entretanto, os meios para a divulgação de tudo isso foram empregados, gerando lucro financeiro e de outras naturezas para muitas pessoas…..

Vejamos a seguir um caso mais complexo, no qual as sugestões possuem propósitos inconfessáveis, mas as sutilezas das estratégias chegam a impedir não só a apuração dos fatos, mas também a responsabilização dos envolvidos.

 

O Caso Trinidade e Tobago

Uma análise extensa do caso Trinidade e Tobago foge ao escopo desse artigo. Entretanto, serve para mostrarmos como não é apenas a desinformação que pode influenciar o comportamento das pessoas em um contexto de disputas persuasivas entre diversos grupos [principalmente os grupos políticos].

Trata-se do caso ocorrido, conforme nos narra Superville[mfn]Superville, M. (2021). Privacy Rights, Big Data Analytics and Tort Law: Identifying the Problems with Trinidad and Tobago’s Data Protection Regime. (March 10, 2021).[/mfn]

Em 2018, foi revelado que a Cambridge Analytica, uma empresa de consultoria política, combinava apropriação indébita de ativos digitais, mineração de dados, corretagem de dados e análise de dados com comunicação para influenciar eleições em vários países (incluindo Austrália, Índia, Malta, México e especialmente Trinidad e Tobago). A empresa adquiriu e utilizou dados pessoais de Usuários do Facebook […] Em Trinidade e Tobago, os dados quantitativos foram usados ​​para criar perfis psicométricos que mostraram à empresa a melhor forma de manipular o comportamento […] Trinidad e Tobago foi utilizado como um experimento de mineração de dados […] para desencorajar a participação política nas eleições locais por meio de um [movimento] reativo “Do So! Movement” que manipulou eleitores afro-caribenhos pela primeira vez em uma resistência movimento contra a política e o voto, sabendo ao mesmo tempo que os jovens indo-caribenhos eram menos propensos a desobedecer o que seus pais lhes disseram para fazer.

Basicamente, diferentemente das Fake News, a estratégia utilizada na inspiração da criação do Movimento Do So, era disseminar apatia entre parcela selecionada dos eleitores [segmentação], estimulando-os a deixar de votar. A genialidade dessa jogada reside no fato de que, na população de Trinidade e Tobago, existe uma diferença na dinâmica familiar entre as distintas etnias que compõem a população daquele país.

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Enquanto um determinado grupo étnico não obriga os jovens a comparecer para votar, outro grupo procede de forma mais diretiva, não permitindo que os mais jovens da família deixem de comparecer ao pleito. Essa estratégia, serviu para vários propósitos:

(1) encobriu a estratégia em si[mfn]Matz, Sandra C., Michal Kosinski, Gideon Nave, and David J. Stillwell. “Psychological targeting as an effective approach to digital mass persuasion.” Proceedings of the national academy of sciences 114, no. 48 (2017): 12714-12719[/mfn], pois o Movimento Do So! envolveu toda a juventude e não somente a parcela que se desejava influir para não comparecer às eleições. a aposta dos manipuladores era no comportamento diferenciado no interior dos grupos com base nas estruturas familiares e no comportamento intergeracional;

(2) serviu como estratégia de defesa, já que as pessoas não poderiam dizer que foi uma campanha direcionada. Afinal, alguém decidiu livremente não comparecer para votar….. Não houve coação.  

(3) mostrou que existem diferenças comportamentais significativas, de crenças e valores entre os distintos grupos culturais no mesmo país[mfn]Campione, C. (2020). The dark nudge era: Cambridge analytica, digital manipulation in politics, and the fragmentation of society.[/mfn].

(4) mostrou como se pode manipular todo um país, de forma eficaz, para conseguir um resultado eleitoral, utilizando-se do conhecimento sobre a dinâmica sociocultural e intergeracional de segmentos da população.

(5) Em última análise, estabeleceu uma diferença manipulada entre os que compareceram e ausentes na contagem final de votos.

Refletindo sobre a mensagem da foto acima, realmente deixar de votar é uma poderosa mensagem política para quem deseja se manter no poder, a despeito das insatisfações….. Se alguém deseja mudar os governantes, a última coisa a fazer é deixar de votar…. E não perceberam a manipulação nessas campanhas…..

 

Até que ponto somos livres para escolher?

Esse assunto se posiciona tanto na Filosofia quanto na Psicologia em um tema denominado agência[mfn]Gruber, C. W., Clark, M. G., Klempe, S. H., & Valsiner, J. (Eds.). (2014). Constraints of agency: Explorations of theory in everyday life (Vol. 12). Springer.[/mfn], que é, de forma geral, a capacidade de um ser humano de se autogovernar e de tomar decisões livremente. É um tema polêmico, antigo e espinhoso, no qual eu não desejo me emaranhar.

Entretanto, podemos fazer algumas considerações de cunho pragmático sem aprofundar no debate filosófico. Em nosso processo decisório, utilizamos critérios de relevância para selecionarmos a nossa atenção. As mais recentes teorias sobre isso[mfn]Wagoner, B., Christensen, B. A., & Demuth, C. (Eds.). (2021). Culture as process: A tribute to Jaan Valsiner. Springer.[/mfn] nos dão conta de que esses critérios podem ser tanto conscientes quanto não-conscientes. Isso muda a forma como damos atenção a determinado assunto.

Além disso, as nossas crenças e valores[mfn]Branco, A. U. (2021). Hypergeneralized Affective-Semiotic Fields: The Generative Power of a Construct. In Culture as Process (pp. 143-152). Springer, Cham.[/mfn] podem canalizar as nossas afiliações. Por exemplo, pessoas que defendem o acúmulo livre de riquezas tendem a aderir a ideias mais liberais sobre a regulamentação do trabalho, enquanto outros defendem um regramento coletivo que imponha limites à acumulação, estabelecendo regras para divisão de lucros, por exemplo.

Nesse cenário, cada integrante de um desses grupos estaria mais predisposto a difundir informações que oferecessem suportes às suas próprias crenças e valores. Daí a ideia geral da sustentação de grupos de afiliação nas redes sociais. E da tentativa, até mesmo oficial, de impedir a sua existência.

Além disso, as nossas emoções também participam desse processo[mfn]Gendron, M., & Barrett, L. F. (2018). Emotion perception as conceptual synchrony. Emotion Review, 10(2), 101-110.[/mfn], como aceleradoras das decisões [entendendo aceleração positiva ou negativa] ou como alterando a valência de determinado argumento, crença ou valor que orientam o processo decisório de alguém. Então se a pessoa tem afinidade com determinada ideia e gosta do seu autor, é quase certo de que vá propaga-la. Esse é um fenômeno conhecido no campo da disseminação de religiões ou até mesmo dos esportes, como o futebol, por exemplo.

Então, por meio dessa breve explicação mostramos como nossa atenção, percepção e o processo decisório podem ser canalizados [e não necessariamente determinados][mfn]Zittoun, T. (2021). Forever Feeding Forward. In Culture as Process (pp. 77-86). Springer, Cham.[/mfn]. Portanto, canalização não significa determinação. O ser humano pode estabelecer condições de avaliação diferentes daquelas que utiliza normalmente.

Em um ambiente sabidamente persuasivo, por exemplo, pode:

(1) criar um protocolo pessoal para realizar a verificação de notícias;

(2) a despeito de gostar das ideias de alguém, se dispor a não concordar com toda e qualquer versão dessas ideias;

(3) intencionalmente retardar as suas decisões [entre elas o compartilhamento de notícias] até que esteja consciente do seu papel nesses processos e das emoções envolvidas;

(4) monitorar as suas emoções numa tentativa de perceber se elas podem ser manipuladas no dado contexto;

(5) agir com civilidade e evitar o uso da violência em qualquer das suas formas;

(6) evitar a desconexão com ideias diferentes das suas preferidas. A desconexão é uma das estratégias mais utilizadas em persuasão de alto impacto.

São alguns poucos exemplos de como um ser humano pode manter a sua capacidade de agência a despeito de viver em um ambiente de intensa canalização cultural e da presença de massiva tecnologia persuasiva.

Dá trabalho, mas é uma forma de manter a sua liberdade de pensamento e de escolha…. Não dá pra fazer?

Aposte na sua capacidade de se manter relativamente livre! Esse é o principal conselho na psicologia das fake news.

Boa leitura

Sergio Senna

 

Referências

[1] Di Domenico, G., Sit, J., Ishizaka, A., & Nunan, D. (2021). Fake news, social media and marketing: A systematic review. Journal of Business Research, 124, 329-341.

[2] Lewandowsky, S., & Van Der Linden, S. (2021). Countering misinformation and fake news through inoculation and prebunking. European Review of Social Psychology, 32(2), 348-384.

[3] Governo do Ceará. Fake News: Sistema imunológico em pleno funcionamento é importante, mas não evita Covid-19. Disponível em https://www.ceara.gov.br/2020/05/05/fake-news-sistema-imunologico-em-pleno-funcionamento-e-importante-mas-nao-evita-covid-19-c/ Acesso em 20 mar 22.

[4] Superville, M. (2021). Privacy Rights, Big Data Analytics and Tort Law: Identifying the Problems with Trinidad and Tobago’s Data Protection Regime.

[5] Matz, Sandra C., Michal Kosinski, Gideon Nave, and David J. Stillwell. “Psychological targeting as an effective approach to digital mass persuasion.” Proceedings of the national academy of sciences 114, no.
48 (2017): 12714-12719

[6] Campione, C. (2020). The dark nudge era: Cambridge analytica, digital manipulation in politics, and the fragmentation of society.

[7] Gruber, C. W., Clark, M. G., Klempe, S. H., & Valsiner, J. (Eds.). (2014). Constraints of agency: Explorations of theory in everyday life (Vol. 12). Springer.

[8] Wagoner, B., Christensen, B. A., & Demuth, C. (Eds.). (2021). Culture as process: A tribute to Jaan Valsiner. Springer.

[9] Branco, A. U. (2021). Hypergeneralized Affective-Semiotic Fields: The Generative Power of a Construct. In Culture as Process (pp. 143-152). Springer, Cham.

[10] Gendron, M., & Barrett, L. F. (2018). Emotion perception as conceptual synchrony. Emotion Review10(2), 101-110.

[11] Zittoun, T. (2021). Forever Feeding Forward. In Culture as Process (pp. 77-86). Springer, Cham.

3 comentários em “A psicologia das Fake News: a mentira é eficaz?”

  1. A minha grande preocupação não é com existência de fake news, mas com as respostas que estamos dando ao cenário.
    A mera proibição da veiculação de canais nas redes sociais não impede a difusão das notícias falsas…..

    Além de não resolver, cria um problema muito maior. Proibir exige um sensor. Alguém que SE COLOCA na posição de nos dizer o que deve ser proibido.

    O controle da liberdade de expressão deve sempre ser realizado a posteriori por meio da responsabilização pessoal de forma ágil e impiedosa. Dessa forma, usar mentira e atacar a honra das outras pessoas não vai valer a pena….

    Tratar com brutalidade, seletivamente, um ou outro grupo de scamers e haters cria a sensação de que alguns problemas são resolvidos, mas me parece varrer as questões para debaixo do tapete.

    A verdadeira solução é investir no desenvolvimento da agência, da responsabilidade e do senso crítico dos indivíduos. Até pq, como mostrei com o caso da Cambridge Analytica, as estratégias variam em suas sutilezas, dificultando, em muito, esse controle baseado na censura.

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  2. Dr. Senna como ficam as pessoas que compartilham notícias falsas mas sem a intenção de prejudicar as pessoas e sem mesmo saber que são falsas?

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    • Olá André, obrigado pelo seu comentário que nos dá oportunidade de aprofundar o que foi tratado no artigo.

      Na minha opinião, sob o ponto de vista psicológico e comportamental, a intenção é não é muito importante. A importância recai nos efeitos que a propagação das notícias falsas provoca.

      Quando analisamos os efeitos do comportamento, pouco nos importa sabermos se houve ou não a intenção. Nesse contexto, é muito difícil descobrir as intenções pois facilmente é possível esconder uma intenção nada bacana atras de outras que são moral e eticamente defensáveis…. Isso é feito o tempo todo.

      Por isso, quando o foco é analisar quais são os efeitos psicológicos coletivos, nós não nos preocupamos muito.

      Entendo que a preocupação exacerbada com a intenção faz sentido quando a tarefa é estabelecer a gradação para uma punição. Então aquele que teve a intenção deve ser punido com mais severidade do que aquele que participou da infração, produziu dano, mas não tinha um plano ou não desejava ou antevia o dano.

      Nesses contextos até que faz sentido a preocupação com a intenção. Mas no âmbito psicológico, a intenção é, muitas vezes, inacessível. Costumo dizer que necessitamos de capacidades divinas de onisciência para tomar as intenções em conta, o que, obviamente, não temos.

      O que eu entendo que a sociedade deveria fazer é investir mais no desenvolvimento da agência [capacidade de autogoverno] das pessoas para torna-las mais críticas e saberem avaliar melhor as notícias falsas. Além disso, devemos tomar em conta que as notícias falsas são relativamente fáceis de identificar. Elas têm uma “cara”, um jeitão…. A gente bate o olho e desconfia.

      Então, esse cuidado na transmissão e disseminação de notícias duvidosas deveria ser uma preocupação presente em todos nós. Investir na autonomia e na diversidade social é uma das providências mais necessárias e eficazes.

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