O que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua família?

Divulgue e opinie

Na manhã seguinte ao dia do falecimento de Olavo de Carvalho, eu me surpreendi com a notícia sobre um comentário que sua filha havia feito[1], em uma rede social, sobre a morte do pai. Veja:

Nessa breve mensagem, Heloisa deseja que Deus perdoe as maldades cometidas pelo pai…..

Em matéria da Revista Época[2], ela expõe as vísceras do relacionamento numa entrevista cuja introdução é a seguinte:

“saiu do anonimato em 2017, quando escreveu “Carta aberta a um pai”. O texto relata parte da infância dela e dos irmãos, período marcado pela ausência do pai, o ideólogo de direita Olavo de Carvalho, guru do governo de Jair Bolsonaro. Heloísa o acusa de não a ter enviado à escola. Carvalho, ainda segundo a filha, teria colocado a família para morar nos fundos da Escola Júpiter, onde dava cursos de astrologia, enquanto usava a casa da frente para se relacionar com a nova esposa”.

A matéria contém uma longa entrevista que dá maiores detalhes sobre a relação entre os dois. Fiquei impressionado como um homem que teve um papel tão relevante para tantas pessoas, que foi criador de movimentos, idealizador de uma nova ordem e até chegou a ser o guru filosófico do Presidente Bolsonaro, pode ter uma vida familiar tão conturbada e controversa…..

Olavo, que foi casado 3 vezes, teve oito filhos: Heloisa de Carvalho, Luiz Gonzaga de Carvalho Neto, Leilah Carvalho, Tales de Carvalho, Davi de Carvalho, Maria Inês de Carvalho, Percival de Carvalho e Pedro de Carvalho.

Nem todos são tão explícitos quanto Heloisa em suas críticas. A minha reflexão nesse breve artigo, é sobre a (in)capacidade que algumas figuras públicas têm em transformar em vida, em comportamentos, aquilo que pregam, que anunciam ser a solução para os outros….

Fenômeno semelhante se dá no que diz respeito a pesquisadores sobre emoções. Alguns entendem muito do assunto, mas isso não significa necessariamente que consigam aplicar as suas descobertas e o seu conhecimento à própria vida. Parece que essa aplicação prática necessita de um setting de habilidades que essas pessoas não têm ou não desenvolveram. Algumas figuras mundialmente famosas no campo do estudo das emoções parecem haver tido uma vida pessoal extremamente complicada.

Sem citar exemplos para não polemizar ou despertar paixões desmedidas, conclamo a você que ficou curioso a procurar na Internet as histórias sobre nomes mundialmente famosos no estudo das emoções e garanto que você encontrará relatos sobre a exploração de colaboradores, famílias maltratadas, vínculos rompidos e outras histórias bizarras que poderiam deixar de fazer parte do memorial dessas pessoas.

Meu conselho para você e a minha reflexão para a vida é que tentemos sempre aplicar aquilo que pregamos como certo. Pode parecer óbvio, mas nem sempre o que é evidente é fácil de ser realizado, como mostram as entrevistas dadas por Heloísa acerca do relacionamento com o seu pai.

Ninguém precisa ser perfeito, até porque isso não existe, mas é necessário que as pessoas que se destacam no campo da filosofia, da psicologa e de outras ciências aplicadas ao comportamento humano se esforcem para não serem exemplos negativos na sua vida pessoal. Pois o mesmo benefício que pretendiam trazer com suas ideias supostamente revolucionárias, podem se transformar em antiexemplo.

Para aqueles que se dedicam ao estudo das emoções, fica o meu incentivo a que sempre prestem atenção ao que andam ensinando e se é possível melhorar como pessoa a partir disso. Afinal, de que vale ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua família?

Boa leitura e um abraço

Sergio Senna