As crenças e valores desempenham um papel fundamental na compreensão do comportamento humano e na formação das identidades individuais e coletivas.
Um dos interesses de estudo da Psicologia Cultural é examinar a interação entre a cultura, o comportamento e as nossas decisões. Destaca-se como as crenças e valores são perenizados, canalizados, externalizados e internalizados dentro de diferentes grupos culturais. Essa perspectiva busca compreender como as normas culturais, tradições e sistemas de valores influenciam não apenas os comportamentos, mas também a forma como as pessoas percebem o mundo e a si mesmas.
Neste breve artigo, exploraremos alguns conceitos básicos, utilizados pelos psicólogos culturais, para analisar as complexas relações entre diversos processos psicológicos, crenças e valores, considerando sua importância na formação da identidade cultural e no entendimento das diferenças culturais.
Aqui você vai ver:
Crenças e valores – o que são?
As crenças e valores são o resultado da imbricação de emoções e representações simbólicas que orientam o nosso processo decisório e, em última análise, o nosso comportamento.
Uma grande parte dos comportamentos humanos e, especialmente aqueles que são conscientes, são guiadas pelas nossas crenças e valores. Seja um movimento, uma fala, um pensamento ou uma mentira, tudo isso é orientado pelo que acreditamos e pelos nossos valores.
Mas o que significa e como as crenças e valores funcionam?
Existem diversas teorias que tentam explicar esse tema. Farei uma resumida explicação sobre o que existe de mais atual:
Durante o nosso processo de desenvolvimento, ainda quando crianças, vamos construindo um sistema simbólico que nos ajuda a compreender o mundo e nele agir.
Esse sistema simbólico é baseado em nossa linguagem e, durante o processo de desenvolvimento humano, vai se misturando (imbricando, é a forma verbal mais adequada e técnica) com as nossas emoções.
Para construí-lo, utilizamos certas fontes que podem ser os nossos pais, os membros de nossa família, professores, as comunidades das quais participamos, as mensagens escritas a que temos acesso, pessoas que nos oferecem modelos de vida e qualquer tipo de norma ou regra, entre muitas outras fontes que poderiam ser levantadas.
A partir desse conjunto de [modelos de] símbolos/emoções, exercemos a capacidade de, conscientemente, pensar e tomar as nossas decisões.
Cultura coletiva e cultura pessoal
Na linguagem científica, o conjunto simbólico que nos é disponibilizado pela sociedade se chama Cultura Coletiva e as “versões” que cada indivíduo constrói chamamos de Cultura Pessoal. É importante dizer que uma pessoa pode ser intermediária da Cultura Coletiva quando ensina, por exemplo, regras sociais.
Quando dá sua interpretação pessoal sobre a regra, exemplifica como, em sua Cultura Pessoal, reconstruiu as mensagens simbólicas provenientes da Cultura Coletiva, de uma forma personalizada.
Autonomia e cultura
Nesse contexto, uma pessoa autônoma é aquela que, a partir de todas essas fontes, constrói um sistema normativo pessoal que a auxilia a pensar, a tomar suas decisões e orienta todos os seus comportamentos. O núcleo desse sistema normativo são os nossos valores, que consistem em significados intensamente entrelaçados em nossas emoções.
Por esse motivo, uma pessoa que seja orientada pelos seus valores para respeitar a vida, encontrará muita dificuldade para matar alguém, ainda que em defesa própria.
Um exemplo histórico extremo foi o ocorrido com os mártires cristãos, que amavam mais a Deus do que suas próprias vidas. Seus valores, intensamente orientados em direção a Deus, os conduziram ao sacrifício da própria vida, quando os Romanos os exterminavam aos milhares por fogueiras, crucificação ou nos jogos do Coliseu. Quando questionados acerca de sua fé, preferiram morrer a negá-la.
As crenças e valores individuais são, então, os critérios que regulam as nossas decisões e que, em última análise, orientam a pessoa para determinados comportamentos.
De uma forma muito resumida, é assim que se forma o sistema normativo que orienta o nosso comportamento.
Para saber mais você pode ler o livro de Jaan Valsiner Culture in Minds and Societies
Boa leitura e um abraço
Sergio Senna
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