Adiante apresentamos uma versão simplificada da linha do tempo da linguagem corporal, que é repleta de cientistas que dedicaram as suas vidas a esse tema. Iremos, portanto, destacar alguns.
Nessa postagem usamos a expressão linguagem corporal como sinônimo de comunicação não-verbal (CNV), apesar de ficar claro de que a cinésica [linguagem corporal e movimento] é um dos campos a CNV.
Linha do tempo da linguagem corporal
Francis Bacon – 1605

1605 – Publicação do livro Of The Proficience and Advancement of Learning, Divine and Human.
Em seu livro, Francis Bacon discute a importância dos gestos e expressões faciais como elementos de comunicação não verbal que desempenham um papel vital na compreensão e transmissão do conhecimento.
Francis Bacon – 1605
John Bulwer – 1644

1644 – Ano da publicação do primeiro livro específico sobre linguagem corporal: Chirologia: or The Natural Language of the Hand.
Bulwer argumenta que a linguagem das mãos é uma forma universal de comunicação que pode transmitir emoções, ideias e intenções de maneira eficaz, independentemente das barreiras linguísticas, destacando a importância da linguagem corporal manual como uma ferramenta de expressão e compreensão na sociedade.
John Bulwer – 1644
Charles Darwin – 1872

1872 – Ano em que Darwin publicou o livro A Expressão das Emoções nos Homens e nos Animais
A obra de Charles Darwin examina a conexão evolutiva entre a expressão emocional em seres humanos e animais, destacando a importância de entender essa relação interligada.
Charles Darwin – 1872
Cesare Lombroso – 1876

1876 – Ano em que publicou o livro O Homem Delinquente.
Seu polêmico trabalho, de origem pseudocientífica, rendeu mais de meio século de reações negativas ao estudo da comunicação não-verbal, que só conseguiu ganhar nova força a partir dos anos 50.
Lembremos que um dos campos de estudo da comunicação não-verbal é a percepção da aparência física, que não tem qualquer relação com a Frenologia adotada por Lombroso.
Sobre a pseudocência de Lombroso veja o nosso artigo: A sombra de Lombroso na análise do comportamento: por que devemos questionar?
Cesare Lombroso – 1876
William James – 1890

1890 – Ano em que William James publicou o livro Princípios da Psicologia
Sua importância para o estudo da comunicação não verbal reside no fato do seu pioneirismo na pesquisa empírica sobre a percepção e as emoções.
William James – 1890
Ray Birdwhistell – 1952

1952 – Ano em que publicou o livro Introdução à Cinésica.
Ray Birdwhistell desempenhou um papel fundamental ao incentivar outros pesquisadores a explorar a comunicação não-verbal, estimulando estudos sobre a linguagem corporal.
Ray Birdwhistell – 1952
Albert Mehrabian – 1967

1967 – Ano em que publicou os artigos Decoding of Inconsistent Communications e Inference of Attitudes from Nonverbal Communication in Two Channels, que deram origem ao mito de que 93% da comunicação é não-verbal.
A despeito de seus esclarecimentos, ainda hoje esse mito é amplamente divulgado.
Albert Mehrabian – 1967
Paul Ekman – 1968

1968 – Ano em que encerrou a primeira pesquisa sobre emoções básicas em Papua Nova-Guiné.
Outra data importante é 1971, ano em que ganho o prêmio Reserach Scientist do National Instituto of Mental Health.
Paul Ekman – 1968
A história do estudo da comunicação não verbal é repleta de cientistas que dedicaram as suas vidas a esse tema. Iremos destacar cinco entre os mais significativos:
Charles Darwin
A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais (1872) é um livro escrito por Charles Darwin e trata sobre como o ser humano e os animais expressam as suas emoções.
Esse livro é um marco na história da comunicação não verbal, pois foi a primeira obra, com viés científico, de grande circulação sobre as emoções e as expressões faciais.
Darwin observou que era possível que nossas expressões faciais expressassem certas emoções que seriam compartilhadas por todos os seres humanos e sobre isso diz:
…the young and the old of widely different races, both with man and animals, express the same state of mind by the same movements. ("... os jovens e os velhos de raças muito diferentes, tanto com o homem e os animais, expressam o mesmo estado de espírito com os mesmos movimentos.")
Nessa época, havia uma polêmica sobre a natureza "divina" do ser humano, mesmo na fisiologia. Um exemplo dessa tendência está no conteúdo do livro "Anatomy and Physiology of Expression", de Charles Bell, no qual se defende a existência de músculos únicos e divinamente criados para a expressão das emoções humanas. Darwin, obviamente, se opunha a isso, defendendo que existia uma origem partilhada entre seres humanos e animais em sua fisiologia.
A relevância desse trabalho consiste na elaboração da hipótese de que certas emoções podem ser consideradas universais, compartilhadas por todos os seres humanos. Uma das características desse tipo de emoções é que se manifestam na face por meio de expressões faciais típicas.
William James
William James (1842-1910) foi um filósofo e importante psicólogo norte-americano. Um dos fundadores do pragmatismo norte-americano e um dos pioneiros da Psicologia Funcional. Nasceu em Nova York, teve acesso a uma boa escolarização.
Curioso, estudou pintura, medicina, e em 1865, acompanhou o naturalista Louis Agassiz na Expedição Thayer, em estudo científico no Brasil.
Durante oito meses, esteve no Amazonas e no Rio de Janeiro e registrou tudo em seu diário. A partir de 1867, começou a publicar, passando a maior parte de sua carreira acadêmica em Harvard.
Com uma formação diversificada, mostrava o seu interesse para as questões psicológicas e o estudo científico da mente humana, seus valores morais e espirituais, justamente na época da consolidação da Psicologia como ciência.
Em 1890 publicou o livro Princípios de Psicologia, obra que teve o mérito de apresentar a Psicologia como ciência independente de sua íntima relação com a fisiologia. Foi um dos pioneiros da Psicologia Funcional. A leitura dessa obra é recomendada até os dias de hoje, apesar de ter mais de um século de publicação.
♦ FATO
William James foi um gênio muito à frente do seu tempo. Sua importância para o estudo da comunicação não verbal reside no fato do seu pioneirismo na pesquisa empírica sobre a percepção e as emoções.
Ray Birdwhistell
Ray L. Birdwhistel (1918-1994), foi um antropólogo e especialista em como as pessoas se comunicam por meio de movimentos corporais. Aposentou-se em 1988 pela Universidade da Pensilvânia, onde começou a trabalhar em 1969.
Desde 1942 até 1969, ele ensinou e realizou pesquisas nas Universidades de Toronto; Louisville; Universidade Estadual de Nova York; Universidade de Buffalo; e Temple.
Sua obra consagrada, Kinesics and Context (1970), mostrou a importância do estudo sobre o movimento do corpo humano (Cinésica). Nesse campo, avançou na teoria sobre uso de todos os sentidos para a realização da comunicação humana.
Foi pioneiro no estabelecimento de que a informação transmitida por gestos e movimentos humanos é codificada e modelada de forma diferente em várias culturas, e que esses códigos podem ser descobertos por um escrutínio qualificado de movimentos particulares em um contexto social.
♦ FATO
Ray Birdwhistell fez um grande esforço para estimular a "redescoberta" do estudo da comunicação não-verbal. Sua inestimável contribuição ainda não é reconhecida na devida medida.
Albert Mehrabian
Albert Mehrabian nasceu em 1939 no Irã, sendo professor emérito da Universidade da Califórnia - Campus Los Angeles. Tornou-se conhecido pelas suas publicações sobre a importância relativa das mensagens verbais e não verbais.
Suas descobertas sobre mensagens inconsistentes de sentimentos e atitudes foram erroneamente apropriadas e acabaram por dar origens aos mitos mais propagados sobre comunicação não verbal, como o da Regra de 7% - 38% - 55%, pelo impacto relativo das palavras, do tom da voz e do corpo durante uma conversação. Isso justifica a sua inclusão na linha do tempo da linguagem corporal.
♦ DICA
Não acredite que 93% da comunicação é não-verbal. Isso é um mito!
Sobre isso, veja o nosso artigo: O 93% não verbal da comunicação é verdade?
Paul Ekman
Paul Ekman é um renomado psicólogo americano conhecido por seu trabalho na área da expressão facial e emoções. Ele nasceu em 1934 em Washington, D.C.
Suas contribuições à ciência são notáveis e incluem:
- Estudos sobre emoções e expressões faciais: Ekman é famoso por identificar e descrever um conjunto universal de expressões faciais associadas a emoções básicas, como alegria, tristeza, raiva, nojo, desprezo, medo e surpresa.
- Microexpressões: Ele desenvolveu a teoria das microexpressões, que são expressões faciais involuntárias que duram uma fração de segundo e revelam emoções genuínas.
- Teoria de emoções: Ekman contribuiu para o entendimento das emoções, argumentando que elas têm uma base biológica e universal, transcultura.
- Aplicação na Psicologia Forense: Seu trabalho também é usado em investigações criminais para detectar enganos e emoções ocultas em testemunhas e suspeitos.
- Treinamento de competência emocional: Ekman desenvolveu programas de treinamento para melhorar a competência emocional e a inteligência emocional.
Sua pesquisa teve um impacto significativo na psicologia, na criminologia e na compreensão das emoções humanas. Paul Ekman é considerado uma das figuras mais influentes no campo da psicologia das emoções e da comunicação não verbal.
Sobre o Dr. Ekman, veja o nosso artigo completo: Paul Ekman: Expressões Faciais e Emoções
Sobre cientistas famosos na linguagem corporal
- O uso de sistemas cibernéticos digitais é compatível com a pesquisa qualitativa da subjetividade?
- Caminhando pelas décadas | A linguagem corporal ao longo do tempo
- Albert Mehrabian – 93% da comunicação é não-verbal?
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- A sombra de Lombroso na análise do comportamento: por que devemos questionar?
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Boa leitura e um abraço
Sergio Senna
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