Resumo apresentado no II Simpósio Ibero-americano e IV Simpósio Nacional de Epistemologia Qualitativa e Teoria da Subjetividade
Data: Outubro de 2023
Autor: Sergio Fernandes Senna Pires
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Introdução
Propomos o debate sobre a possibilidade da utilização de sistemas cibernéticos digitais para a realização de parte da pesquisa qualitativa no estudo da subjetividade. Será possível que uma grande quantidade de sujeitos se expressem e essas manifestações possam ser categorizadas e consideradas individualmente? Ou será esse mais um ritual instrumental, ou uma estratégia da Epistemologia do Resultado (GONZALEZ REY, 2005)?
A cibernética e o uso da pesquisa qualitativa
A cibernética é o campo que estuda o controle e a comunicação em sistemas complexos (CHUN, 2016). A interconexão desses componentes em uma rede digital, controlada por inteligências artificiais, permite a sua utilização para a simulação limitada do comportamento humano inteligente, incluindo a atuação em pesquisa científica. Não obstante, que essa premissa pareça demasiadamente ambiciosa (PIRES,2023), o seu questionamento aprofundado foge ao escopo desse trabalho. Entretanto, é possível destacar que a etnografia digital é uma alternativa que combina estratégias tradicionais com o estudo das práticas sociais e culturais por meio de ambientes digitais (ROY; HAMID, 2022).
Como se usa a etnografia digital?
É possível a utilização de técnicas como a observação participante e entrevistas online, que visam a obter uma compreensão aprofundada das práticas, das opiniões e percepções dos sujeitos. As ideias pessoais são expostas, sendo solicitadas sucessivas autointerpretações, preservando o caráter qualitativo e individual da pesquisa. Essa abordagem representa a possibilidade de trabalhar individualmente, capturando o que é único ou diferenciado na ordem de milhões de pessoas. Após um processamento posterior, é possível a exploração ampla de problemas complexos, capturando a diversidade de pontos de vista e auxiliando a identificar soluções adaptativas, que podem oferecer certos avanços. Estudos sugerem os aportes da adoção dessas novas estratégias etnográficas (THOMPSON, 2021).
Quais são os benefícios da etnografia digital na pesquisa qualitativa?
De forma sintética, os benefícios esperados são: (1) compreensão aprofundada de perspectivas individuais, mesmo aumentando-se a quantidade de sujeitos;(2) exploração de contextos sociais complexos e diversificados em populações e territórios; (3) estímulo ao engajamento individual, nas interações com os sistemas cibernéticos digitais; e (4) adaptação dinâmica de intervenções para questões sociais, a partir de uma maior diversidade de sujeitos e perspectivas. Esses benefícios combinados permitem elaborar estratégias mais amplas para a compreensão de questões sociais e individuais. A complexidade e o dinamismo dos problemas enfrentados pela sociedade exigem a incessante busca por soluções inovadoras que se podem vislumbrar da convergência entre o desenvolvimento dos sistemas cibernéticos digitais, da pesquisa qualitativa e do estudo da subjetividade.
(PDF) O uso de sistemas cibernéticos digitais e compatível com a pesquisa qualitativa da subjetividade.
Referências
GONZÁLEZ REY, Fernando Luis. Pesquisa qualitativa e subjetividade: os processos de construção da informação. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.
PIRES, Sergio Fernandes Senna. Inteligência artificial e emoções: quão próximas estão as decisões cibernéticas das humanas? In: FILHO, Adailton AzevêdoAraújo (org.). A sociedade do conhecimento e suas tecnologias: estudos em Ciências Exatas e Engenharias. São Paulo: Dialética, 2023. p. 37-46. v.10.
ROY, Parimal Kumar et al. Digital Ethnography: What We Have Done and WhatWe Need to Do in the New Normal. In: CHOWDHURY, Jahid Siraz; WAHAB, HarisAbd; SAAD, Rashid Mohd; ROY, Parimal Kumar; WRONKA, Joseph (eds.).Practices, Challenges, and Prospects of Digital Ethnography as a MultidisciplinaryMethod. IGI Global, 2022. p. 278-287.
THOMPSON, Alex et al. Ethical considerations and challenges for using digitalethnography to research vulnerable populations. Journal of Business Research,v. 124, p. 676-683, 2021.
